Inauguração da estátua de Anita Santos

Eu conheci Anita Santos, essa lutadora da população em situação de rua e também por moradia, na ocupação Recanto UFMG, que foi o último lugar do qual ela foi despejada. Anita passava por esse histórico da vida de ter sido expulsa de tantos lugares, até se estabelecer na Vila Recanto UFMG e em posterior em Betim, onde passou os últimos dias de sua vida.

No dia em que conheci Anita, estávamos em uma reunião contra o despejo da Vila UFMG, que foi removida em função das obras da Via Antônio Carlos para a construção de um viaduto da Copa do Mundo, e era uma noite fria. A reunião acontecia no quintal da casa dela, que também era o espaço de um galpão de reciclagem. Me lembro que nesse dia estava o professor Fábio Alves, que era um advogado popular, professor e cego. Na noite fria e cheia de estrelas, Fábio Alves, sem enxergar nenhuma estrela se quer, olhava para o céu e apontava o caminho da luta, luta por direitos!

Hoje nem Anita, nem Fábio Alves estão entre nós, mas os dois receberam homenagens populares muito importantes: se tornaram nomes de ocupação, a ocupação Anita Santos e a Ocupação Fábio Alves, ambas enfrentando ameaça de despejo, lutas que acompanhamos até hoje. Assim, continuamos aqui, companheiros de luta da Anita, dando continuidade junto com os movimentos da população em situação de rua e vários outros na luta que ela fazia.

Acompanhamos hoje a inauguração dessa homenagem institucional do parque mais importante de Belo Horizonte, onde Anita aparece em um quintal verde, de ouvidos atentos a rua. Mais do que um reconhecimento sobre o seu papel na cidade de Belo Horizonte e Minas Gerais, é o apontamento de que só a luta muda a vida e de que a luta realmente é o caminho essencial para se escrever trajetórias, igual a da própria Anita.

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