Em uma semana, recebi em meu email institucional duas mensagens de ódio com ameaças. A primeira foi feita por e-mail no dia 8 de agosto e faz referência direta a minha sexualidade, exigindo que eu renuncie ao cargo, ou do contrário, sofreria um atentado. A mensagem também cita outras parlamentares, como a vereadora de Belo Horizonte, Cida Falabella (PSOL), e as deputadas federais Dandara Tonantzin (PT) e Duda Salabert (PDT).
Ao fim do email, os criminosos exaltam a figura do torturador Brilhante Ustra, e usam o slogan da campanha bolsonarista “Deus, Pátria, Família”, lema criado pelo fascismo italiano e usado pelo integralismo no Brasil.
Já no dia 14 de agosto, recebi um novo email, de conteúdo semelhante, desta vez, com ameaças de “estupro corretivo”. Esta ameaça foi recebida no mesmo dia, de forma coordenada, pelas vereadoras do PSOL de Belo Horizonte, Cida Falabella e Iza Lourença. O caso foi registrado junto à Polícia Legislativa e a Polícia Civil, que já investigam as ameaças.
De minha parte, não existe qualquer possibilidade de recuo diante dessas ameaças, que atentam não só contra mim, mas contra a democracia, contra o próprio legislativo e o direito à diversidade, a existir, a viver. Nosso mandato vai seguir sendo um dos mais combativos da Assembleia de Minas, levantando nossas bandeiras com orgulho e muita determinação de luta.
Sabemos que essas pessoas nos ameaçam porque ameaçamos o sistema de privilégio machista e patriarcal que sustenta a frágil existência desses sujeitos. Sabemos também que essa horda de criminosos foi promovida pelos ataques permanentes do governo genocida de Jair Bolsonaro e seus seguidores contra o pensamento divergente, sobretudo de mulheres, pessoas LGBTs, negros e indígenas. Mas essa triste página da história brasileira ficará no passado, assim como no futuro não haverá mais espaço para esse tipo de violência política. Por isso, seguimos em luta.
Foto: Guilherme Dardanhan/ALMG