Nossa sexta-feira foi de muitas atividades na região de Mariana, no segundo dia de visitas técnicas das Comissões Parlamentares Externas de Acompanhamento do Acordo sobre o crime das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton. Depois de quase oito anos do rompimento da barragem, é indignante perceber que as empresas não fizeram a retirada do rejeito, nem a reparação ambiental, e muito menos a reparação social das famílias atingidas.
Na visita, pudemos comprovar os impactos continuados do crime, como o adoecimento da população, aumento dos índices de câncer, abortamentos espontâneos, doenças de pele, sem falar na destruição de modos de vida de comunidades inteiras.
A primeira agenda foi na represa de Candonga, que foi praticamente soterrada pela lama, e onde pudemos verificar, mais de sete anos depois, a presença de lama tóxica que segue sendo depositada no Rio Doce, depois que a represa voltou a funcionar. Em seguida, visitamos a comunidade de Novo Soberbo, distrito de Santa Cruz do Escalvado, que foi atingida duas vezes: a primeira, quando foi construída a represa de Candonga, e a segunda, com o rompimento da barragem. Logo, fomos até Barra Longa, um dos municípios mais afetados pela onda de rejeito. Além dos problemas de saúde comuns e frequentes, mais de mil casas apresentam trincas devido ao tráfego de caminhões das mineradoras, e para piorar, a lama depositada jamais foi retirada, provocando frequentes entupimentos das redes de esgoto. E finalmente, para encerrar o dia, participamos de uma audiência pública no município de Antônio Pereira, onde mais uma vez, ouvimos o clamor dos moradores por reparação justa e por participação.
Os acordos anteriores, nos quais foram gastos bilhões de reais sem que esse dinheiro servisse para reparar direitos reais, não os ouviram, e nosso trabalho é garantir que nesse processo de repactuação, as pessoas atingidas sejam colocadas no centro de toda e qualquer discussão e que possam participar ativamente na definição de soluções concretas para a reparação desse crime.
Uma sexta-feira longa, de muito trabalho, mas muito, muito importante.